Buud Yam

18:57 Clementino Junior 1 Comments

Estive domingo passado, na Mostra África, Cinema de Poesia, no Instituto Moreira Salles, para assistir à 2 filmes. Um deles, sobre o qual falo agora, é: Buud Yam (Buud Yam), de Gaston Kabore (Burkina Faso, França, 1977, 99 minutos). Se fosse ambientado em um espaço "urbano", poderiamos chamar este filme de Road Movie, pois o personagem principal, Wend Kuuni, filho adotivo de uma aldeia que o trata como um estranho, sai pelo país em busca de um curandeiro que pode trazer a saúde de volta à sua irmã, Pughneere. O que diferencia este Road Movie dos outros, principalmente aos contemporâneos dos anos 70 no "ocidente" é a ambientação em uma região do continente africano, próxima ao Rio Niger e datada no início do século XIX, onde ao longo de dias cavalgando, o personagem sai de um local árido, para a savana, para a floresta com rios, montanhas ingremes... vários climas e terrenos num mesmo pais... e muitas lendas, um encontro com a natureza e os espíritos das matas, e a tradição como forma de trazer a cura, através deste curandeiro que já se apresenta como uma figura rara neste ambiente. Durante sua viagem ele se depara com desconfiança, malandragem, misticismo, e a morte sempre se coloca como obstáculo. O grande mérito deste herói em sua aventura é colocar como meta de vida, seja pelo carinho para com a irmã, também melhor amiga de sua pretendente, ou pela necessidade de mostrar à sua aldeia adotiva, que ele não era um imprestável, e este objetivo lhe faz experimentar limites e amplia seu auto-conhecimento.
O bacana desta obra é ver que ela se contextualiza num período
pré-colonial, onde já se sente uma necessidade do resgate com a tradição tribal, e a força de ser um personagem "agregado" a partir nesta busca, contra tudo e contra todos, transcende as questões étnicas e mostra que a ancestralidade não está só no sangue, como nas cenas em que a voz da irmã (que está moribunda com uma doença desconhecida, e bem distante) o guia e alerta dos perígos em seu caminho, demonstrando um forte vínculo.
Filme imperdível desta mostra.


Esta semana falarei de mais outro filme que vi na mostra, VENTO, e sobre outro europeu rodado na África que assisti em casa: MASSAI BRANCA.

You Might Also Like

Um comentário:

  1. este filme Parece interessante e onde adquirimos?
    Celeste interior da Bahia

    ResponderExcluir